
Matéria na Infomoney publicada dia 15/8/25 por Marcelo Hannud
Fundos imobiliários, investidores institucionais e players internacionais encontram nos galpões contratos previsíveis, demanda consistente e valorização patrimonial
Nem todos os ativos se curvam aos humores da economia. No mercado imobiliário brasileiro, os galpões logísticos são o exemplo mais evidente: seguem em alta mesmo em um cenário de juros elevados, que afeta diretamente a maior parte do setor. A explicação é estrutural: as profundas mudanças no consumo e na logística, impulsionadas pelo avanço do e-commerce e pela pressão por entregas cada vez mais rápidas, têm sustentado um ritmo consistente de demanda por espaços logísticos modernos, bem localizados e adaptados a operações de alta eficiência.
Fundos imobiliários, investidores institucionais e players internacionais encontram nos galpões contratos previsíveis, demanda consistente e valorização patrimonial. Para se ter uma ideia, os dados mais recentes, do primeiro trimestre de 2025, mostram uma taxa de vacância nos condomínios logísticos de alto padrão de apenas 7,9%, segundo o Market Analytics da SiiLA, um dos dados mais baixos da história.
Hoje, os ocupantes desses ativos vão muito além das transportadoras tradicionais. Plataformas de comércio eletrônico, redes varejistas, empresas de bens de consumo, farmacêuticas, indústrias de base tecnológica e até players do setor alimentício já disputam espaço. Essa diversidade revela a maturidade do mercado e sua relevância estratégica para qualquer pessoa que olhe para o setor imobiliário.
O protagonista com certeza é o e-commerce. Em 2024, o setor movimentou R$ 225 bilhões, alta de 14,6% sobre o ano anterior, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Outro movimento irreversível é a descentralização da logística. Hubs urbanos e regionais menores permitem encurtar prazos de entrega e reduzir custos. O desafio está em adaptar modelos construtivos e regulatórios para atender essa nova lógica, mantendo eficiência.
A inovação também começa a redesenhar o perfil dos empreendimentos. Galpões inteligentes, com automação interna, sistemas de energia solar e soluções de refrigeração eficiente, tornam-se diferenciais competitivos. Esses recursos não apenas reduzem custos operacionais, como atendem às metas ESG de empresas e fundos, cada vez mais relevantes na decisão de locação ou investimento.
O acesso a terrenos estratégicos, no entanto, tornou-se mais caro. A disputa com empreendimentos residenciais e projetos de infraestrutura pressiona os custos. Isso estimula soluções como os galpões multinível, que otimizam áreas escassas e caras em regiões metropolitanas.
No contexto latino-americano, o Brasil lidera o mercado de galpões logísticos. A dimensão territorial e o tamanho do mercado consumidor colocam o país em posição privilegiada. E, embora o entorno das grandes cidades do Sudeste se destaque, ainda há grande potencial fora dos grandes centros, especialmente no Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Investidores atentos já se posicionam para aproveitar essas oportunidades no médio e longo prazo.
A mensagem é clara: o setor logístico é estratégico e está mais forte do que nunca. Momentos de incerteza também são momentos de oportunidade. A demanda existe, está mudando e pede soluções inteligentes. Quem se antecipar, investindo em inovação construtiva, eficiência operacional e proximidade com o cliente, aproveitará os espaços que ainda estão abertos.
Galpões logísticos são porto seguro para o investidor imobiliário em tempos de incerteza




